segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Auto da Barca do Inferno


Na aula de português estou a dar o "Auto da Barca do Inferno", por isso decidi vazer uma análise da peça e publicá-la no meu cantinho.


O "Auto da Barca do Inferno" é uma peça teatral, escrita por Gil Vicente. Com esta peça, Gil Vicente pretentia mostrar e criticar a sociedade lisboeta das décadas iniciais do séc. XVI.

É também importante referir que todas as peças de Gil Vicente foram representadas para a côrte.

Pequeno resumo:

A peça inicia-se num porto, onde se encontram as duas barcas, a Barca do Diabo, que está toda enfeitada e cuja tripulação é o Diabo e o seu Companheiro, e a Barca do Anjo, que é mais simples e tem como tripulação um Anjo na proa.

São apresentadas para julgamento as seguintes personagens:


  • Fidalgo

  • Onzeneiro

  • Sapateiro

  • Parvo

  • Frade

  • Alcoviteira

  • Judeu

  • Corregedor e Procurador

  • Enforcado

  • 4 Cavaleiros

Cada uma destas personagens é julgada tanto pelo Diabo como pelo Anjo, (com excepção dos quatro cavaleiros, que não chegam a ser presentes ao Diabo, do Frade, que não foi presente ao Anjo, e do Parvo) sendo que a maioria das personagens embarcaram na barca do Diabo devido aos pecados que cometeram em vida.


Todas as personagens presentes ao Diabo e ao Anjo são personagens tipo, ou seja, por exemplo, o fidalgo não representa um determinado fidalgo, mas sim todos os fidalgos e a sua classe social.


Personagens:



  • Fidalgo: manto e pajem que transporta uma cadeira de espaldas. Estes elementos simbolizam a opressão dos mais fracos, a tirania e a presunção.

  • Onzeneiro: bolsão. Este elemento simboliza o apego ao dinheiro, a ambição , a ganância e a usura).

  • Sapateiro: avental e moldes. Estes elementos simbolizam a exploração interesseira, da classe burguesa comercial.

  • Parvo: representa simbolicamente, os menos afortunados de inteligencia.

  • Frade: Moça, espada, escudo e capacete. Estes elementos representam a vida mundana do Clero, e a dissolução dos seus costumes.

  • Alcoviteira: moças e os cofres. Estes elementos representam a exploração interesseira dos outros, para seu próprio lucro.

  • Judeu: bode. Este elemento simboliza a rejeição a fé cristã.

  • Corregedor e Procurador: processos, vara da Justiça e livros. Estes elementos simbolizam a magistratura.

  • Enforcado: Acredita ter o perdão garantido. Seu julgamento terreno e posterior condenação à morte o teriam redimido de seus pecados, mas é condenado igual aos outros. Ele carrega a mesma corda com que fora enforcado.

  • Quatro Cavaleiros: cruz de Cristo simboliza a fé dos cavaleiros pela religião católica.
    (todos os elementos cénicos representam os pecados das personagens)

Apesar de esta peça alertar para os pecados da sociedade no séc. XVI, a verdade é que se adapta perfeitamente aos dias de hoje.


Gil Vicente faleceu, mas os seus filhos publicaram as suas obras, que foram protegidas da Inquisição pela rainha.




2 comentários:

  1. E eu que até fiz de Alcoviteira na escola, durante uma das aulas em que demos esta peça! Claro que há muitos muitos anos atrás.
    Beijoca
    Paula Nunes Lima

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  2. gostei muito do seu blog. eu estudei gil vicente na época do cursinho pré-vestibular. beijos, pedrita

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